Islam(ismo), eurocentrismo e ordem mundial

Résumé Pt En Fr

Os exemplos de mobilização política levada a cabo sob a bandeira do Islão têm sido vistos das mais variadas formas: como uma forma de fascismo, como uma forma de fundamentalismo, como uma forma de ressentimento, ou como uma forma de patologia. A incapacidade de tratar o Islamismo como algo mais do que um conjunto de reacções patológicas a certos desenvolvimentos ocorridos no mundo significa que, enquanto objecto de análise, ele permanece obscuro. O presente artigo situa o Islamismo no contexto da actual ordem mundial, uma ordem que, em termos militares e económicos, mas também em termos culturais, está centrada no Ocidente. O que aqui se oferece é, pois, um exercício de investigação e de aprofundamento do fenómeno do Islamismo e da sua relação com o eurocentrismo. Enquanto estratégia apostada em identificar o universal com as práticas culturais do Ocidente, o eurocentrismo vê-se hoje confrontado com o insistente recurso ao Islão para fins políticos. Este artigo analisa em que medida o Islamismo poderá ser contido por uma narrativa que vê a história do Ocidente como destino do mundo.

Contemporary political mobilizations under the banner of Islam have been variously described as a form of fascism, as a form of fundamentalism, as a form of resentment, as a form of pathology. The inability to treat Islamism as something more than a set of pathological reactions to developments in the world means that Islamism as an object of analysis remains obscure. This paper places Islamism within the context of the current world order. This world order is centred around the West not only in military and economic but also in cultural terms. This paper is an investigation and an elaboration into the phenomenon of Islamism and its relationship to eurocentrism. Eurocen­trism as strategy of locating the universal within Western cultural practices is challenged by persistence of the use of Islam for political advocacy. This paper examines the extent to which Islamism can be contained within a narrative which sees the history of the West as destiny of the world.

Les exemples de mobilisation politique menée sous le drapeau de l’Islam ont été vus de diverses manières: comme une forme de fascisme, comme une forme de fonda­mentalisme, comme une forme de ressen­timent, ou comme une forme de patholo­gie. L’incapacité de traiter l’islamisme comme autre chose qu’un ensemble de réac­tions pathologiques à certains développe­ments qui ont eu lieu dans le monde signi­fie que, en tant qu’objet d’analyse, il reste obscur. L’article présent situe l’islamisme dans le contexte de l’ordre mondial actuel, un ordre qui, en termes militaires et économiques, mais aussi en termes cul­turels, est centré en Occident. Ce qui est présenté dans cet article, c’est un exercice de recherche et d’approfondissement du phénomène de l’islamisme et de sa relation avec l’eurocentrisme. Comme stratégie misant sur l’identification de l’universel en tant que pratiques culturelles de l’Occident, l’eurocentrisme se voit aujourd’hui con­fronté à l’insistant recours à l’Islam à des fins politiques. Cet article tente de saisir dans quelle mesure l’islamisme pourrait être encaissé dans une narration qui voit l’histoire de l’Occident comme destin du monde.