Finding haven in a chaotic world : the pentecostal and feminist practices of women in the periphery of São Paulo Trouver refuge dans un monde chaotique : les pratiques pentecôtistes et féministes des femmes des périphéries de São Paulo Encontrar refúgio em um mundo caótico : as práticas pentecostais e feministas das mulheres nas periferias de São Paulo En Fr Pt

Résumé En Fr Pt

Despite progress resulting from social mouvements in the 20th century, working class women, usually perceived as Black, form a particularly underprivileged group in Brazil. These women also represent the largest public for pentecostal churches, whose conservative views concerning women’s rights, and antifeminist posturing, are well known. To understand this seemingly paradoxical stance, our main hypothesis stipulates that its explanation might be found in the churches’ omnipresence in these womens’ lives, rather than in the specifity of its offer compared to other religious or non-religious offers of support. Starting from our fieldwork in São Paulo’s inner city, where we have been to pentecostal churches and feminist associations, we show in this research that working class women’s adherence to pentecostalism can be mainly understood in the framework of an offer of problem resolution. Pentecostalism presents itself to these women as an organisation capable of solving all sorts of problems through divine intervention, including gender, parenting and marital problems, which are most often what leads working class women to churches. We have found that, in reality, solutions proposed by pentecostalism to those gender problems tend to focus on keeping a deeply unequal status quo in terms of gender and racial relations. Despite the fact that other offers are available, specially the feminist offer, which is mainly focused on mutual aid, and that seems to be more effective in answering women’s both practical and strategical needs, the pentecostal offer, which saturates Brazil’s media and public spaces regardless of its effectiveness, stands out for its density and its accessibility to working class populations, appearing thus as an « emotional refuge » of proximity.

Malgré les évolutions résultant des luttes sociales qui ont marqué le XXème siècle, les femmes des classes populaires, perçues comme noires et métisses, forment un groupe particulièrement défavorisé au Brésil. Ces femmes constituent le public principal des églises de matrice pentecôtiste, dont les valeurs conservatrices concernant la place de la femme et la posture antiféministe sont connues. Pour comprendre cet apparent paradoxe, l’hypothèse centrale de cette recherche est qu’il faut moins en trouver des explications dans la spécificité de l’offre pentecôtiste elle-même par rapport à d’autres offres religieuses ou non religieuse que dans l’omniprésence de cette offre dans la vie quotidienne de ces femmes. A partir d’une enquête de terrain réalisée dans la periferia de São Paulo, dans des églises pentecôtistes et d’associations féministes, nous montrons en effet que l’adhésion des femmes défavorisées au pentecôtisme se fait dans le cadre d’un choix d’offre de résolution de problèmes. Le pentecôtisme se présente aux femmes défavorisées comme une instance capable de résoudre toute sorte de problème à travers l’intervention divine, y compris les problèmes de genre, conjugalité et parentalité qui sont souvent ce que mènent ces femmes à la recherche d’une église. En réalité, nous avons constaté que les solutions proposées par le pentecôtisme à ces problèmes de genre vont, en général, dans le sens du maintien d’un statut quo profondément inégalitaire en termes de rapports de genre et de « race ». Alors que d’autres offres sont disponibles, notamment l’offre d’entraide féministe qui apparaît efficace pour répondre aux besoins et aspirations pratiques et stratégiques des femmes, l’offre pentecôtiste, en saturant l’espace public et médiatique brésilien et indépendamment de son efficacité, se démarque par sa densité et son accessibilité aux populations défavorisées, apparaissant ainsi comme un « refuge émotionnel » de proximité.

Apesar das evoluções resultantes das lutas sociais que marcaram o século XX, as mulheres de classes populares, majoritariamente pretas e pardas, formam um grupo particularmente desfavorecido no Brasil. Essas mulheres constituem o público principal de igrejas de matriz pentecostal, cujos valores conservadores referentes ao lugar da mulher e postura antifeminista são bem conhecidos. Para compreender esse aparente paradoxo, a hipótese central desta tese é que as explicações para esse fenômeno são menos ligadas à especificidade da oferta pentecostal comparada a outras ofertas possíveis, do que à onipresença dessa oferta na vida cotidiana dessas mulheres. A partir de um trabalho de campo realizado na periferia de São Paulo, em igrejas pentecostais e associações feministas, nós mostramos que a adesão das mulheres desfavorecidas ao pentecostalismo se dá num contexto de oferta de resolução de problemas. O pentecostalismo se apresenta a essas mulheres como uma instância capaz de resolver todo tipo de problema através da intervenção divina, inclusive os problemas de gênero, conjugalidade e parentalidade que são o que frequentemente as leva a buscar a ajuda de uma igreja. Em realidade, nós constatamos que as soluções propostas pelo pentecostalismo a esses problemas de gênero vão, geralmente, no sentido de manter um status quo profundamente desigual em termos de relações de gênero e de raça. Apesar da disponibilidade de outras ofertas, como a oferta de ajuda mútua feminista, eficaz para responder às necessidades e aspirações práticas e estratégicas das mulheres, a oferta pentecostal, saturando o espaço público e midiático brasileiro, e independentemente da sua real eficácia, se destaca pela sua densidade e acessibilidade às populações desfavorecidas, se tornando assim um “refúgio emocional” de proximidade.