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A. Santos Graça

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Books and book chapters (22)

Co-author

António Medeiros

Date

Source

Etnográfica Press (22)

Documents written by A. Santos Graça (22) | is about A. Santos Graça (0)

XVI A morte

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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Dentro dos seus princípios religiosos, o Poveiro tem, quando doente, a preocupação de se preparar para a morte. E é o primeiro a pedir para se confessar e comungar, ficando, assim, mais tranquilo e encarando o fim da vida com resignação, sem nenhuma espécie de sobressaltos. A morte repentina, deseja...

Porque se publica este livro

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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Em 1901, o poveiro ilustre e eminente publicista Rocha Peixoto, de saudosa memória, fez na Associação Comercial da Póvoa de Varzim uma conferência sobre – A influência corporativa nos progressos locais. Como nela se afirmasse, citando datas, que no nosso país só muito tarde é que se agruparam as cla...

XVII Barcos, redes e aprestos

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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A facilidade de comunicações entre os povos, dando-lhes uma maior convivência, vai apagando os usos, costumes e tradições, que se vão tornando velharias na vida intensiva da hora que passa, toda dada a inovações progressivas. Não admira, pois, que o velho processo de pescar do poveiro se veja substi...

XV O casamento

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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O Poveiro casa-se novo, entre os 18 e 22 anos, daí o começar bem cedo a namoriscar as belas raparigas da classe, lindas feiticeiras de olhos negros, sonhadores, acostumados a contemplar a imensa vastidão onde navega o amor dos seus amores! De ordinário, o coração prende-se-lhe quando percorre as rua...

V Relações e distinções entre os da comunidade e os de fora dela

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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A Colmeia poveira vivia completamente isolada das outras classes da vila. Nada de misturas com a chamada «gente da terra». Os casamentos só os havia entre os da classe. Às raparigas não era dado falar com homens estranhos à pescaria. Qualquer tio ou da classe podia abeirar-se da moça que infringisse...

X Os mares

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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Os Poveiros têm vários mares onde habitualmente caçam e pescam e que vêm do noroeste do Mondego, ao sul, até ao mar dos Galegos, Espanha, ao norte. Os Lanchões têm três : o mar da Cartola, o mar Novo do Sudoeste ou Nosso Mar e o mar da Champana. Por vezes pescam também no mar dos Galegos, em Espanha...

XI As pescas

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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A safra da sardinha O Poveiro tem várias pescas com as suas épocas próprias; mas duas há que são, por assim dizer, toda a sua vida do mar: A safra da sardinha e a caça da pescada. A sua grande pesca é a safra da sardinha. A esta quadra do ano que vai de Santos (Outubro) à Senhora da Guia (Fevereiro)...

VI As demandas na classe – Os homens de respeito

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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Quanto mais aprofundamos o estudo das coisas poveiras, mais beleza encontramos nos seus preceitos e leis pela firme simplicidade com que actuam na vida da comunidade, num ritmo de harmonia colectiva que impressiona. Ao lado dos preceitos, que fixam o amparo aos doentes, às viúvas e aos órfãos e que...

I O poveiro

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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Na orla da angra ou enseada de Varzim vive o Poveiro, tipo de pescador original e inconfundível na beira-mar portuguesa. Os seus usos e costumes, que são as suas leis, constituem um fundo de beleza moral que muito impressiona quem com eles trava conhecimento, pelo sabor encantador que deles ressalta...

XVIII Cancioneiro poveiro

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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CANTIGAS Vamos ver a lancha nova,Que se vai deitar ao mar.Nossa Senhora vai dentro,Os anjos vão a remar.O cantar é para os anjosSenhora da Conceição.Eu a cantar alivio,As penas do coração.Minha Senhora da Graça,Dai-me graça ao cantar;Minha mãe não tem dinheiro,Nem dote para me dar.Minha Senhora da G...

VIII Máximas, provérbios e presságios

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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– Marinheiro que na Quaresma come pescada ou é podre ou é roubada. – A raia, faz cair a saia. – Raia em Janeiro é como carneiro. – Raia em Maio, tumba à porta; mas venha a raia que a tumba não importa. – A sardinha em Abril é vê-la e deixá-la ir. – A sardinha em S. João, já pinga no pão. – Bons olho...

IV As Alcunhas

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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Os nomes próprios do Poveiro desaparecem por completo para só prevalecerem as alcunhas. Em lugar de João José Loureiro, José Filipe de Carvalho, João Martins da Nova, António da Silva Nunes, Francisco Fernandes Troina surgem-nos o João Caneta, o José Pinheira, e João Trunfo, o António Potrico e o Fr...

XIII O lar

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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O lar poveiro é desconfortável. Na sua casa não há janelas, mas apenas uma porta para a rua e outra para o quintal, com um grande postigo, que se abre nos dias chuvosos para dar luz. Tem somente dois compartimentos: a sala, onde dorme, come, trabalha e guarda os seus aprestos marítimos, e a cozinha,...

II O amparo, auxílio e socorro na comunidade

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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Na comunidade poveira estão perfeitamente estabelecidas as leis ou preceitos que regulam o amparo e auxílio que é devido ao companheiro doente, à viúva e ao órfão, e ainda o socorro que é devido na barra ao barco em perigo, que asseja nas grandes maresias e no varar das grandes embarcações. Não cons...

O Poveiro

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A. Santos Graça et al. (Feb 11, 2020)

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Reportando-se à viragem do século, o trabalho e os dias dos pescadores da Póvoa de Varzim, num livro admirável pelo que de novo e insuspeito nos revela e pela singularidade do lugar que ocupa na nossa produção etnográfica. A presente edição foi enriquecida com nova documentação fotográfica, inédita...

Notas

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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Na visita que fiz ao monte de Santa Tecla, La Guardia, Espanha, chamou a minha atenção uma furna, espécie de pequena gruta, que ali existe, Desde o rebordo de entrada que as suas paredes e tecto se encontram cobertas de cruzes feitas muito modernamente, bem decerto pelos peregrinos que em determinad...

XIV A infância

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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A criança poveira bem cedo se inicia na faina da pesca. É na penedia da costa onde faz os seus primeiros ensaios, pescando com uma vara as marachumbas nas furnecas das pedras, chamando-as com o seu assobiar característico. Conforme sobe a idade e ganha em agilidade, vai usando os outros processos de...

XII Divisões de ganhos

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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«Pais de rapaz» e «rapaz de obrigação» A divisão dos ganhos da pesca é alguma coisa de complicada que só com muita paciência e explicações, algumas delas feitas ao vivo, com moeda, conseguimos deslindar. Falaram-nos do quinhão de mais a mais, no dinheiro das partes (que não é como se presume a parte...

III As marcas, balizas e divisas

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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As marcas As marcas são a escrita do Poveiro. Têm muita analogia com a escrita egípcia porque constituem imagens de objectos: Sarilho, Coice (imagem de parte da quilha de um barco) Arpão, Pé-de-Galinha, Grade, Lanchinha, Calhorda, Pena, etc. As marcas estão nas redes, nas velas, nos mastros, nos pau...

XIX Vocabulário

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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A Abinhar – Torcer fio de rede (linho fiado nas rocas). A Caça – O conjunto de redes com que o barco anda ao mar. Acadimar – Sujeitar-se ao trabalho. Adornar – Inclinar o barco para um dos lados. Agachado – Escnodido. Agantar – Segurar. Agasalho – Comida e bebida que se dá no fim do trabalho. Agasta...

IX A Crença

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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Festas, romarias e promessas O Poveiro, homem do mar, é um crente sincero. Quando tem, não há andadeiro de santos que lhe bata à porta que não leve a esmolinha, sempre acompanhada da sua súplica ao santo lembrado por aquele: «Senhora das Dores me dê saudinha!», «S. José me valha!», «Almas santas ben...

VII Superstições, crendices e lendas

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A. Santos Graça (Feb 11, 2020)

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NOTA – O Poveiro é muito supersticioso e crendeiro. Narra-nos as coisas mais inverosímeis com a convicção de um crente e chega a lamentar a nossa incredulidade pelo que ela nos pode ser nociva, com os nossos descuidos, no mar de malefícios que rodeiam o homem. Crê que nem todos podem ver as coisas r...