De volta ao ponto de partida Dizia na introdução que o sentimento de insegurança reside no coração das relações sociais. É resultado dos rótulos que se apõem aos outros, dos jogos de dominação e poder que estão quase sempre subjacentes à interação, das definições de “realidade” – construídas, negoci...

5. A rua e a praça

Livres et chapitres d'ouvrages

Ximene Rego (31 mars 2022)

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A rua de Baixo faz uma costura entre a zona histórica e a Baixa portuense. É um espaço marginal (Fischer 1994) e fronteiriço, que se situa no limite, na interseção, na articulação de dois universos sociais. O movimento das pessoas, do comércio e dos carros que costuma animar o centro da cidade parec...

7. Dizer o medo, viver o medo

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Ximene Rego (31 mars 2022)

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Os seus moradores dizem da rua de Baixo que ela é perigosa e que os de fora receiam percorrê-la. Pessoalmente, porém, não exprimem medo. Essa circunstância não encerra, como se verá, qualquer contradição. A familiaridade de que gozam com o lugar restitui-lhes a confiança que, de outro modo, poderia...

9. A condição do urbanita

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Ximene Rego (31 mars 2022)

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As pessoas não estão confinadas aos seus lugares. Mesmo em contextos profundamente marcados pelo crime e pela violência, elas circulam, interagem e estabelecem rotinas. No dia em que aterrei no Rio de Janeiro, por altura da primeira visita de campo, deixei a mala em casa e, já perto de escurecer, fu...

A Imagem Predatória da Cidade: Uma Etnografia do Medo

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Ximene Rego et al. (31 mars 2022)

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"De que temos medo no nosso confronto com as grandes urbes? Que figuras da ameaça convocam receios e evitamentos de espaços, grupos ou indivíduos específicos? Como molda a hipótese predatória o viver quotidiano, como se reflete o rumor insecurizante na nossa experiência de cidade? A Imagem Predatóri...

3. Ao sentimento de insegurança

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Ximene Rego (31 mars 2022)

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Vários foram os autores que procuraram fazer uma leitura discursiva da insegurança, situando-a num debate mais amplo do que aquele que a reduziu à relação com as curvas da criminalidade. O medo do crime seria uma espécie de “veículo expressivo” (Machado 2004) de outras angústias abertas nas condiçõe...

6. Os efeitos do lugar

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Ximene Rego (31 mars 2022)

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Os significados que as pessoas atribuem aos lugares não lhes são intrínsecos. São forjados na interação social. O mesmo sucede com certos atributos que se apõem à rua de Baixo ou à praça Nove, espaços de pertença, de apropriação, de interações e de cruzamentos frequentes. Gilberto Velho (2002 [1989]...

1. Porto e Rio de Janeiro: olhar panorâmico

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Ximene Rego (31 mars 2022)

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Confrontar o Porto e o Rio de Janeiro é como colocar lado a lado, se atendermos às suas realidades criminais ou às suas dimensões, uma borboleta e um elefante. A primeira é uma cidade relativamente pequena, a segunda figura entre as maiores. Uma relativamente pacífica, a outra conhecida pela sua per...

4. (Des)confiança e medo

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Ximene Rego (31 mars 2022)

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Contrariamente ao que poderiam ser as expectativas, Zygmunt Bauman (2006: 12) situa na Europa uma “disposição” particular para o medo e uma “obsessão” com a segurança. O cenário distingue-se “claramente pelo medo do crime e dos malfeitores”. O Porto, onde é dito que ele é generalizado e intenso (Mac...

8. Os donos da praça

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Ximene Rego (31 mars 2022)

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Quem são, afinal, aqueles que chamam a si responsabilidades e direitos sobre a praça Nove? Quem são os seus proprietários, no sentido dado por Jane Jacobs (1993)? O que os une e o que os afasta? O Rio de Janeiro é, certamente, uma grande metrópole onde coexistem “diferentes estilos de vida e visões...

2. Do medo à cidade

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Ximene Rego (31 mars 2022)

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Inscrita numa dinâmica de mudança anterior, é ao longo do século XVIII e, em particular, do século XIX que se pode observar uma ampla transformação social que se repercutiu na reforma do “paradigma criminológico” (Vaz 1998), arrastando consigo uma metamorfose profunda do caráter da insegurança, tran...

Entre a utopia e a crise: nos meandros da (in)segurança urbana na segunda metade do século XX

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Ximene Rego (1 janv. 2014)

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As transformações que marcaram o Ocidente da segunda metade do século XX foram determinantes dos discursos sociopolíticos e académicos acerca de dois fenómenos - o crime e a pobreza. No imaginário coletivo, um e outro foram associados, mesmo que as estatísticas não o confirmassem. Agravado o sentime...

As falas do medo. Convergências entre as cidades do Porto e Rio de Janeiro

Articles

Ximene Rêgo et al. (2012)

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"Tendo como ponto de partida o enigma do paradoxo da insegurança (a ausência de correspondência na variação entre a taxa de criminalidade e o sentimento de insegurança) é proposta uma reflexão em torno das falas do medo produzidas no Porto e no Rio de Janeiro, onde se desenvolveu trabalho de campo....

Por onde anda o sentimento de insegurança? Problematizações sociais e científicas do medo à cidade

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Luís Fernandes et al. (1 févr. 2011)

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O debate público adotou as questões da (in)segurança, fazendo fixar imagens do que são o crime e a violência em Portugal. Essas imagens estão repletas de ambiguidade, não só pelos próprios paradoxos que a comunidade científica já mostrou serem constitutivos do sentimento de insegurança, mas igualmen...

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(1 juil. 2022)

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Posfácio

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Renato da Silva Vicentini (31 mars 2022)

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Quem é o “Outro” que incita o medo? Se a cidade é o local de celebração da diversidade, quem são os “indesejáveis” dessa celebração? Será que no mundo contemporâneo ainda há espaço para celebração das diferenças?as são algumas questões que podem ser suscitadas a partir do trabalho de Ximene Rêgo, tr...