Un cercueil dans la cour : des funérailles évangéliques dans une famille transnationale haïtienne

Résumé Fr En Pt

Si les funérailles en milieu vodou haïtien ont fait l’objet de l’attention des anthropologues, on sait peu de choses sur la manière dont elles sont organisées et réalisées par les familles et les églises évangéliques. Cet article propose une étude détaillée d’un cas ethnographique de funérailles évangéliques, objet d’un coup de théâtre, dans les mornes du sud-ouest d’Haïti au sein d’une famille dont de nombreux membres appartiennent à la diaspora. La première partie décrit le rituel, depuis le traitement du corps du défunt jusqu’au culte d’enterrement. La deuxième partie analyse ces funérailles et en particulier les conflits auxquelles elles donnent lieu, à travers deux dynamiques sociales qui s’y donnent à voir, celle du changement religieux avec la conversion massive de populations rurales au protestantisme évangélique et pentecôtiste et celle de la migration avec, dans la plupart des familles haïtiennes, des parents vivant à l’étranger.

While Haitian vodou funerals have been studied extensively by anthropologists, little is known about how they are organized and carried out by evangelical families and churches. This article offers a detailed case study of an evangelical funeral in the mountains of southwestern Haiti, in a family with many members of the diaspora. The first part details the ritual, from the treatment of the corpse to the burial service. The second part offers an analysis of the funerals, and in particular the conflicts that have arised as a result of two broader social dynamics: the religious change in the country, with the massive conversion of rural populations to Evangelical and Pentecostal Protestantism, and the migrations, which fled to most Haitian families having at least one member living abroad.

Se os funerais entre praticantes do vodu no Haiti foram bem documentados por antropólogos, pouco sabemos sobre sua organização e desenrolar em meio evangélico. Apresento aqui o caso etnográfico de um funeral realizado nas montanhas do sudoeste do Haiti, em uma família cujos membros são em sua maioria evangélicos e muitos pertencem à diáspora. Na primeira parte do artigo descrevo o ritual, desde as técnicas de tratamento do corpo da pessoa falecida até o culto durante o enterro. Na segunda parte, analiso o funeral, e em particular os conflitos que dele decorrem, à luz de duas dinâmicas sociais mais amplas: a das transformações na paisagem religiosa do país, com a conversão massiva das populações rurais ao protestantismo evangélico e pentecostal, e a da intensificação da migração ao estrangeiro, materializada no fato de que, atualmente, todas as famílias haitianas ou quase têm pelo menos um de seus membros morando fora do país.