A actual crise sistémica global: crise de paradigma e novos desafios que traz ao debate

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Date

1 septembre 2009

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Carlos Gonçalves, « A actual crise sistémica global: crise de paradigma e novos desafios que traz ao debate », Economia Global e Gestão, ID : 10670/1.kkoic1


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A actual crise sistémica que está a fustigar o sistema económico e social à escala global tem duas importantes particularidades: primeiro, trata-se de uma crise previamente anunciada, tantos e tão evidentes (quanto chocantes) foram os sinais que, com alguma regularidade, foi emitindo, que causa alguma estranheza que tenha apanhado tantas e tão importantes pessoas desprevenidas e, segundo, contrariamente a crises anteriores que assolaram o sistema, foi gerada no ventre do sistema financeiro mundial. É esta segunda característica que tem mobilizado mais a atenção dos mass media e pautado as agendas de debates, um pouco por todo o mundo, devido às graves consequências na chamada economia real. Subentende-se esta como aquela que está ligada à produção de bens e serviços não financeiros e cuja sustentabilidade necessita de investimentos sistemáticos, tanto de substituição, como de expansão, os quais, por seu turno, necessitam de ser adequadamente financiados e este é, precisamente, o nó górdio da questão. Devido ao colapso do sistema financeiro mundial, a filtragem (ou selectividade) é cada vez maior por parte de um sistema financeiro descapitalizado, com enormes carências de liquidez e, a partir desta situação, tudo se entrelaça, sistemicamente, as empresas, principalmente as pequenas e médias empresas, não podem dar continuidade a projectos, por falta de recursos financeiros, os seus clientes, igualmente em dificuldades, não pagam, as famílias, que estão acima do nível de sobrevivência, têm, também elas, de ser selectivas no modo como gerem o seu orçamento. O corolário de todo este entrelaçamento sistémico traduz-se em falências, redução do tempo de trabalho, desemprego e agravamento das condições de vida e aumento em espiral da instabilidade social, terreno propício para o desenvolvimento dos ismos, historicamente aberrantes. Esta crise, apesar dos factores diferenciadores das outras crises, tem, contudo, um elemento comum que, tal como aconteceu com as anteriores, vai, muito provavelmente, sair ilibado. Esse elemento comum tem um nome, chama-se a hiperbolização da ganância, e esta não é etérea, é personalizada e perpetrada por pessoas com total ausência dos mais elementares valores. Esta crise, por todas estas razões e mais ainda por tudo aquilo que aqui está implícito, merece um debate aprofundado e continuado. Neste debate, mais importante do que respostas imediatas, de eficácia momentânea duvidosa, são as questões que toda a sua problematização deve sustentar e é precisamente esta a linha directriz deste artigo.

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