1 novembre 2001
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Rui Machado Gomes, « As tecnologias de governo do eu e a escola (1974-1991) », Sociologia, Problemas e Práticas, ID : 10670/1.ry8a1f
Como denominador comum dos processos de legitimação do sistema educativo, quer do lado da burocracia estatal quer do lado das correntes críticas, subjaz o mito humanista do desenvolvimento pleno e integral da personalidade individual. Porém, não é nessa capacidade que se fundam as potencialidades individuais e tão-pouco se pode considerar a matriz de todos os mundos da vida individual. A capacidade de problematizar o "ser próprio" é o produto de técnicas e práticas do mesmo nível de outras técnicas corporais ou da consciência, com uma inserção histórica específica. Daí que procedamos neste artigo à genealogia crítica das práticas escolares - designadamente das que se estribam nos campos disciplinares do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento sociomoral - que localizam os seres humanos em formação em regimes do self específicos, fazendo um contraponto às análises que vêem as mudanças de subjectividade como o resultado de transformações culturais e sociais mais gerais. O campo de estudo é a escola secundária portuguesa depois da queda do estado novo até ao início da década de 90.