L’ethnographie à l’épreuve : Insécurités et manières de faire l’enquête dans le Liptako Gourma nigérien

Résumé Fr En Pt

En contexte d’insécurité, l’enquête qualitative se conduit par « adaptations ». Cette nécessité de s’adapter aux situations imprévues se résume dans l’expression courante bien connue : « C’est le terrain qui commande ». Le présent article tente de mettre en lumière des manières de faire de l’ethnographie décalées de ce que suggèrent les fondateurs de l’anthropologie. Notre analyse s’appuie sur des données d’expériences récentes vécues dans le cadre de recherches collaboratives menées dans la partie nigérienne du Liptako-Gourma ou « zone des trois frontières ». Cet espace géographique et social transfrontalier situé à cheval entre le Burkina Faso, le Mali et le Niger est l’épicentre de l’insécurité au Niger depuis 2015.M’inspirant du concept de « tactiques » systématisé par Michel de Certeau, j’utiliserai le terme « adaptation » comme concept opératoire pour analyser les « pratiques » à l’œuvre en matière d’enquêtes qualitatives en situation d’insécurité. Loin d’être un obstacle infranchissable, les « contraintes de l’ethnographie » sont des moments pour envisager de nouvelles manières de « s’adapter » sans s’écarter des principes de la « rigueur » de l’enquête qualitative. Ainsi les adaptations, en tant que pratiques, sont des « variations d’usages », l’exercice d’« une marge de manœuvre », pour reprendre les mots de Jean-Pierre Olivier de Sardan. Le terrain d’enquête est un espace social caractérisé par des faisceaux de relations construites entre le chercheur et son objet de recherche, qui sont chaque fois variables. Dans cette perspective, le terrain impose ou suggère au chercheur des postures et des relations d’enquête plutôt spécifiques. L’analyse des « manières de faire » comporte certes une dimension pratique ; elle a aussi une dimension éthique puisque la conduite des enquêtes en contexte d’insécurité débouche inévitablement sur des réponses sensibles porteuses de charges émotionnelles, de la gêne, de l’empathie. Ces ressentis personnels déterminent la production du savoir et ce savoir n’est pas dénué de toute volonté de taire certaines situations et d’en révéler d’autres.

In a context of insecurity, qualitative research is carried out by using “adaptations.” The need to adapt to unforeseen situations is summed up by the well-known expression: “the field dictates.” This article aims to shed light on the ways of carrying out ethnography without conforming to what the founders of anthropology proposed. Our analysis is based on data collected in recent collaborative research carried out in the Liptako-Gourma region of Niger, also called the “three-border zone.” This transborder geographical and social space, straddling the borders of Burkina Faso, Mali, and Niger, has been the epicentre of insecurity in Niger since 2015. Inspired by Michel de Certeau’s concept of “tactics,” I will use “adaptation” as an operating concept to analyse the “practises” at work in qualitative research in a situation of insecurity. Far from being an insurmountable obstacle, the “constraints of ethnography” present an opportunity to consider different ways of “adapting” without departing from qualitative research’s principles of “rigour.” Thus, adaptations as practises are “variations in usage”—the use of “room to manoeuvre,” as expressed by Jean-Pierre Olivier de Sardan. Research fieldwork is a social space characterised by relationship networks which are built between the researcher and its research subject, and which are always variable. In this perspective, specific positions and research relationships are dictated or suggested to the researcher by the fieldwork. The analysis of “ways of doing” certainly includes a practical dimension; it also has an ethical dimension, since conducting research in a context of insecurity unavoidably leads to sensitive answers which carry an emotional load, unease, and empathy. Those personal feelings determine the production of knowledge, and this knowledge contains a wish to conceal some situations while revealing others.

Num contexto de insegurança, a investigação qualitativa é efectuada por “adaptação”. Esta necessidade de adaptação a situações imprevistas pode ser resumida na conhecida expressão: “O campo é que manda”. Este artigo procura iluminar formas de fazer etnografia que diferem das que sugerem os fundadores da antropologia. A nossa análise baseia-se em dados de experiências recentes no âmbito de uma investigação em colaboração efectuada na parte nigerina de Liptako-Gourma, ou “zona das três fronteiras”. Este espaço geográfico e social transfronteiriço que atravessa o Burkina Faso, o Mali e o Níger tem sido o epicentro da insegurança no Níger desde 2015.Inspirando-me no conceito de “táctica” sistematizado por Michel de Certeau, utilizarei o termo “adaptação” como conceito operatório para analisar as “práticas” da investigação qualitativa em situações de insegurança. Longe de constituírem um obstáculo intransponível, os “constrangimentos da etnografia” são oportunidades para pensar em novas formas de “adaptação” sem se afastar dos princípios “rigorosos” da investigação qualitativa. Assim, as adaptações, enquanto práticas, são “variações de uso”, o exercício da “margem de manobra”, para utilizar as palavras de Jean-Pierre Olivier de Sardan. O campo de investigação é um espaço social caracterizado por feixes de relações construídas entre o investigador e o objeto de investigação, variáveis de um caso para o outro. Deste ponto de vista, o campo impõe ou sugere ao investigador posturas e relações de investigação bastante específicas. A análise dos “modos de fazer” tem certamente uma dimensão prática; tem também uma dimensão ética, uma vez que a realização de inquéritos num contexto de insegurança conduz inevitavelmente a respostas sensíveis que acarretam cargas emocionais, constrangimento e empatia. Esses sentimentos pessoais determinam a produção de conhecimento, e esse conhecimento não é desprovido do desejo de ocultar certas situações e revelar outras.