28 janvier 2020
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Lara Erendira Almeida de Andrade et al., « Áreas protegidas e sociobiodiversidade no Semiárido brasileiro », Anuário Antropológico, ID : 10.4000/aa.4938
A ideia de áreas protegidas para a conservação, apesar dos avanços nas últimas décadas para incluir a sociodiversidade, ainda possui forte influência do chamado “mito da natureza intocada”, reflexo da pretensa dicotomia natureza/cultura à qual também se associa a imagem dos indígenas. Esta noção reflete-se nas ações do Estado, que enfatiza políticas de proteção naquelas áreas mais próximas de seu pretenso estágio “prístino”. Não por acaso, a maioria das áreas protegidas situa-se na Amazônia, ícone desta “natureza intocada” e dos índios “puros”. Um exemplo é a efetivação dos direitos territoriais indígenas: 93% das Terras Indígenas situam-se na Amazônia Legal, apesar de 61% dos indígenas viverem em outras regiões. O Nordeste é exemplar neste sentido: a região convive com a escassez de iniciativas de apoio à conservação ou aos direitos indígenas. Não é de estranhar que a ela esteja associado o imaginário da seca, pobreza e do “índio misturado”. Neste trabalho propomos refletir sobre as práticas dos povos indígenas de convivência com o ambiente vis-a-vis à lógica de intervenções do Estado para conservação da biodiversidade. Partimos da experiência em processos de Gestão Territorial e Ambiental com os Xokó, Pankararu e Kapinawá.