9 novembre 2023
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Filipa Pereira, « Cadernos de Viagem », Publicações do Cidehus, ID : 10.4000/books.cidehus.23483
Um edifício industrial não é construído com o intuito de conservar determinada simbologia ou memória, porém acaba sempre por ser encarado como uma parte indispensável e vivificadora de uma identidade cultural, uma vez que se torna portador de significados pela sua interação com a sociedade com o passar dos tempos. Esta memória, classificada como social e coletiva, encontra-se regularmente ligada à arquitetura, onde se preserva a memória do trabalho humano. Este património apresenta também valores científicos, tecnológicos e estéticos ao nível da arquitetura industrial, que nos levam a classificá-los como edifícios de exceção, uma vez que marcaram uma época em termos de produção, tipologias e paisagens (Carta de Nizhny Tagil sobre o Património Industrial, 2003).As razões que justificam a proteção do património industrial decorrem essencialmente do valor universal e da singularidade de sítios excecionais. A fotografia tornou-se, assim, numa excelente ferramenta que contribui para a salvaguarda e preservação da memória, uma vez que permite realizar um registo do passado, do presente e até do futuro das indústrias.As viagens pelo Alentejo resultam em visitas aos espaços indústrias por ele disseminado, de onde surge um registo fotográfico que se tornou pertinente e urgente compilar, como contributo para a preservação da memória dos edifícios fabris. Os cadernos de viagem são um roteiro fotográfico entre Portalegre, Crato e Ponte de Sor, que contemplam paisagens industriais, indústrias abandonadas e alguns antigos espaços fabris regenerados/recuperados.