A educação (pós-)imperial de V. S. Naipaul

Résumé Pt En Fr

Propõe-se uma análise de alguns dos sentidos da palavra educação que se revelam de especial interesse para o percurso de V. S. Naipaul como escritor. Assim, consideram-se em primeiro lugar os efeitos (previsíveis e imprevisíveis) da típica educação colonial que o autor recebeu em Trinidad e que o transformaram ao mesmo tempo num “bom” e num “mau” súbdito colonial. Discute‑se também o modo como Naipaul, posteriormente, teve de se educar para a vida num mundo pós-colonial, e a forma como foi enfrentando a condição híbrida e desterritorializada do sujeito pós‑colonial. Finalmente, argumenta-se que Naipaul se situa deliberadamente nessas “áreas de escuridão” que elegeu como tema central da sua obra, e ocupa a “zona de interdição” que o discurso colonial pretende manter entre colonizador e colonizado, aí situando o seu próprio discurso.

The article discusses several meanings of the word “education” that have a particular relevance to V. S. Naipaul’s career as a writer. It refers briefly to the typical colonial education he received in Trinidad, and the ways in which it turned him into both a “good” and a “bad colonial”. It then goes on to discuss how Naipaul came to feel the need to educate himself for a postcolonial world, and how he had to learn to cope with the deterritorialized, hybrid condition of the postcolonial subject. Finally, it is suggested that the “areas of darkness” that Naipaul elected as the main theme of his writing is the space where he deliberately built his discourse and the “zone of interdiction” which was meant to exist between colonizer and colonized is the “no-man’s land” that he inhabits.

L’article propose d’analyser certains sens du mot éducation révélant un intérêt particulier pour le parcours de V. S. Naipaul comme écrivain. Ainsi, il considére en premier lieu les effets (prévisibles et imprévisibles) de l’éducation coloniale typique que cet écrivain a reçue à Trinidad et qui l’ont transformé en un «bon» et en même temps en un «mauvais» sujet colonial. Il envisage en outre la manière par laquelle Naipaul a dû, postérieurement, s’éduquer pour la vie dans un monde post-colonial et la forme par laquelle il a dû confronter la condition hybride et dé-territorialisée du sujet post-colonial. Pour conclure, le texte défend que Naipaul se situe délibérément dans ces «aires d’obscurité», qu’il a louées comme thème central de son oeuvre; en fait, il occupe cette «zone d’interdiction» que le discours colonial prétend maintenir entre le colonisateur et le colonisé: c’est là qu’il situe son propre discours.