Les frontières entre remèdes, médicaments et pharmacopée sont aussi poreuses dans leurs expressions littéraires que dans le champ de la santé, l’imaginaire autour de la médication, qui traverse les œuvres au fil des temps, constituant un exemple fructueux de cette convergence entre langage poétique et langage scientifique qui a intéressé Jean Starobinski, à l’avènement des humanités médicales. Le thème de la médication est appréhendé à travers quelques exemples permettant de rendre sensibles à la fois ses usages et ses sens. Il permet en outre d’interroger la notion de soin dans la dimension critique et pratique qui la caractérise aujourd’hui. L’auteure examine ses configurations et ses enjeux dans des cas littéraires au plus près de l’expérience vécue, ouvrant finalement la voie à deux approches reposant sur l’alliance particulière de la lecture et du soin : la bibliothérapie et la médecine narrative.
The boundaries between remedies, medicinal drugs and pharmacopoiea are as porous in literature as they are in the field of health. The imagination around medication that has spanned many literary works over time is a fruitful instance of how poetic and scientific languages converged at the advent of medical social sciences, a phenomenon that has interested Jean Starobinski. The theme of medication is dealt with through examples that make us aware of its uses and meanings, enabling the author to question the notion of care in its current critical and practical significations. This article examines care in its various forms and stakes, drawing from literary cases that come close to real-life experiences and eventually opening onto two approaches based on the specific combination of reading and care : bibliotherapy and narrative medicine.
As fronteiras entre os termos remédio, medicamento e farmacopeia são tão porosas nas suas expressões literárias quanto permeáveis no âmbito da saúde. O imaginário coletivo, histórico e social sobre a medicação, que perpassa a literatura desse os tempos mais remotos, oferece-se, assim, como particularmente desafiador para explorar a convergência entre linguagem poética e linguagem científica que tanto interessou Jean Starobinski no dealbar das Humanidades médicas. Partindo dessas premissas, o tema da medicação é examinado através da leitura de textos significativos evidenciando quer os aspetos fisiológicos quer, sobretudo, a experiência subjetiva associada ao medicamento, conforme apreenderemos de modo mais aprofundado em dois casos literários contemporâneos. Equacionaremos, nessa senda, a noção de cuidado na dupla dimensão critica e prática que a caracteriza hoje, bem como a emergência de abordagens interdisciplinares, no cruzamento entre literatura e medicina : a medicina narrativa e a biblioterapia.