De l’eau de pluie à l’eau du robinet : étude d’une transformation discrète dans le Sertão (Brésil)

Résumé Fr En Pt

Dans les années 1990, l’État brésilien et la Banque mondiale promeuvent la « modernisation » de l’accès à l’eau potable dans les communautés rurales de la région du Nordeste, affichée comme une des solutions au développement. Des milliers de réseaux de distribution sont ainsi installés, complétant un dispositif technique déjà en place et géré localement. À partir d’une enquête de terrain menée entre 2009 et 2011, cet article a pour objectif d’interroger les transformations occasionnées par l’immersion sociale de ce nouvel objet au sein de trois communautés rurales. Cette étude analyse la réinvention des pratiques autour de l’eau et au sein d’un territoire nouvellement maillé par la matérialité du réseau d’alimentation. L’article montre en quoi l’arrivée de cette solution technique locale modifie discrètement le quotidien des populations rencontrées et leurs rapports à l’eau. Il pose également la question du devenir de la gestion de la ressource à l’échelle des communautés rurales.

In the 1990s, the Brazilian State and the World Bank promoted the "modernization" of the access to drinking water in rural communities in the Northeast region as one of the solutions to development. Thousands of distribution networks were thus implemented, complementing a technical system already in place and managed locally. Based on a field survey conducted between 2009 and 2011, this article aims to examine the social transformations brought about by the inscribing of this new artefact in three rural communities. This study analyses the reinvention of social practices around water in a territory restructured by the materiality of the new distribution network. The article shows how the advent of this local technical solution subtly reshapes the daily life of the communities and their relationship with water, and discusses the question of the future of water resource management at the scale of rural communities.

Nos anos 90, o estado brasileiro e o Banco Mundial promoveram a "modernização" do acesso à água potável em comunidades rurais da região do Nordeste, como uma das solução para o seu desenvolvimento. Milhares de redes de abastecimento foram instaladas, completando pequenas obras hidráulicas já instaladas e gerenciadas localmente. Baseado num trabalho de campo realizado entre 2009 e 2011, o artigo destina-se questionar as transformações sociais causadas pela chegada de novas redes de absatecimento em três comunidades rurais. O trabalho analisa a reinvenção de práticas em torno da água num novo território aonde os indivíduos estão ligados entre eles, materialmente e na ação. O estudo mostra como uma solução técnica local muda discretamente a vida quotidiana das populações e suas relações com a água. Enfim, ele levanta a questão do futuro do gerenciamento da água na escala das comunidades rurais.