A voz ou a plenitude do texto: Performance oral, práticas de leitura e identidade literária no Ocidente medieval

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1 juin 2016

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Carlos F. Clamote Carreto, « A voz ou a plenitude do texto: Performance oral, práticas de leitura e identidade literária no Ocidente medieval », Medievalista online, ID : 10670/1.845xhd


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Num célebre episódio relatado no livro VI, 3 das suas Confissões, Santo Agostinho manifesta a sua perturbação e perplexidade perante a atitude do seu mestre e amigo Ambrósio cujos olhos deambulam, em absoluto silêncio, pelas páginas de um manuscrito. Porquê este espanto que a crítica se apressou a interpretar como uma inequívoca prova de que a Alta Idade Média, herdeira dos modelos da Antiguidade Clássica, cultivou essencialmente a leitura em voz alta, ao invés da Baixa Idade Média (essencialmente a partir dos séculos XI-XIII) que teria inventado a leitura silenciosa, prática que o progressivo alargamento das comunidades textuais (Brian Stock) viria acentuar de forma irreversível? Partindo do testemunho privilegiado da literatura francesa medieval (mas não só), estas reflexões visam questionar a conceção evolucionista e cognitiva da leitura recentrando a problemática na irredutível tensão - que tem em parte caracterizado a cultura ocidental - entre a letra e a voz, entre uma idealização da escrita erguida à esfera mágica do Sagrado (ou da Lei) que coloca a performance oral sob o signo da efabulação corruptora, e uma longa tradição que, de Platão a Hegel, assimila o logocentrismo a um fonocentristo em que a escrita, significante do significante (Jacques Derrida) não passa de uma cristalização redutora da voz da qual emana a totalidade do ser e a plenitude da palavra.

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