This article aims to provide an analytical reading of the Lake Naivasha riparian association archives in Kenya from the post-colonial transition (1960s) to 2010. This source, written in English and unusual for its timespan and volume, contains various documents (minutes of meetings, correspondence, press clippings, etc.) recorded chronologically and kept by the members of the association. It gives access to the point of view of the direct observers of the lake, a “wetland of international importance” (Ramsar Convention from Unesco) which is considered as threatened because of significant anthropogenic pressures. The residents and witnesses expressing themselves in the archives are mostly of European origin, many being descendants of European settlers, or White Kenyans. These archives show how the association members experienced environmental changes and report the discussions and tensions between members about finding a way forward for protecting this space and its amenities. Their study enables the exploration of why and how the association became committed to conservationism. This commitment led to a major transformation of the association, an old institution whose action was initially focused on “riparian land” and the settlement of land disputes between riparian landowners. The first signs of the association’s conservationist mutation appeared during the fight against the spread of invasive plants, such as Salvinia and water hyacinth. From the 1980s, the association underwent a deeper transformation by opening up to non-owners and outside observers (scientists in particular) and adopting a conservationist agenda. This transformation took place at a time when the area was undergoing major demographic and land-use changes as the growth of the floriculture industry was transforming Naivasha into a crucial economic pole. In the decade that followed, members of the association who pursued a conservationist agenda could rely on their political connections, both nationally and internationally, to have this wetland classified under the Ramsar Convention. To fulfill this agenda, the association claimed to represent the local “community” and to aim for the “right use” of natural resources—thus matching the vocabulary of international institutions in the environmental field from the 1980s to the 1990s.The association archives thus show how White Kenyans could use their dual roots, in Europe and in Kenya, to give the challenge of protecting Lake Naivasha an international dimension while presenting themselves as its best guarantors. This position helped to justify the association’s privileges on the land bordering the lake, inherited from the colonial era. However, this elite agenda was fractured by the huge economic value of the horticultural exploitation of the local natural resources. The arrival of new conservationist institutions, local or international, ended the association’s desire to retain control over defining how these resources were managed.
Cet article propose une lecture analytique des archives de l’association de riverains du lac Naivasha au Kenya de la transition postcoloniale (années 1960) à 2010. Cette source écrite, en langue anglaise, originale par sa longévité et son volume, se compose de documents variés (comptes rendus de réunions, correspondances, coupures de presse…) consignés chronologiquement et conservés par les membres de l’association. Sa lecture donne accès au point de vue des observateurs directs du lac, classé « zone humide d’importance internationale » (convention Ramsar de l’Unesco) et considéré comme menacé du fait d’importantes pressions anthropiques. Les riverains et témoins qui s’expriment dans les archives sont majoritairement d’origine européenne, pour beaucoup des descendants de colons européens, ou White Kenyans. Ces archives révèlent la façon dont sont vécus les changements environnementaux par les membres de l’association et rendent compte des discussions et des tensions sur la voie à suivre pour protéger cet espace et ses aménités. Elles permettent d’explorer les motifs et les ressorts de l’investissement du champ conservationniste par l’association. Cet investissement conduit à une transformation importante de l’association, institution ancienne dont l’action était initialement concentrée sur la « terre riveraine » et le règlement des différends fonciers entre propriétaires riverains. Les prémices de la mutation conservationniste qu’opère l’association s’expriment dans le cadre de la lutte contre l’expansion de plantes invasives, telles la Salvinia et la jacinthe d’eau. À partir des années 1980, l’association se transforme plus profondément en s’ouvrant à des non-propriétaires et des observateurs extérieurs (scientifiques en particulier) et en embrassant un agenda conservationniste. Cette mutation s’opère alors que la zone est traversée par d’importants changements démographiques et d’occupation des sols sous l’effet de la croissance de l’industrie floricole qui transforme Naivasha en un pôle économique crucial. Dans la décennie qui suit, les membres de l’association qui portent l’agenda conservationniste peuvent s’appuyer sur leurs connexions politiques, aussi bien au niveau national qu’international, pour que cette zone humide soit classée au titre de la convention Ramsar. Pour satisfaire cet agenda, l’association prétend représenter la « communauté » locale et viser le « bon usage » des ressources naturelles – collant ainsi au vocabulaire des institutions internationales dans le domaine environnemental à partir des années 1980-1990. Les archives de l’association nous donnent ainsi à voir la façon dont les White Kenyans peuvent mobiliser leur double ancrage, en Europe et au Kenya, pour donner une dimension internationale à l’enjeu de la protection du lac Naivasha tout en se présentant comme ses meilleurs garants. Ce positionnement concourt à justifier les privilèges de l’association sur la terre riveraine, hérités de l’époque coloniale. Cet agenda élitaire se fracture toutefois face aux intérêts économiques colossaux de l’exploitation horticole des ressources naturelles locales. L’arrivée de nouvelles institutions conservationnistes, locales ou internationales, finit d’achever la volonté de l’association de conserver son contrôle sur la définition des modalités de gestion de ces ressources.
Este artigo propõe uma leitura analítica dos arquivos da associação de moradores do lago Naivasha no Quénia da transição pós-colonial (1960) até 2010. Esta fonte escrita, em língua inglesa, original pela sua longevidade e volume, é composta por documentos variados (actas de reuniões, correspondências, recortes de imprensa) arrumados cronologicamente e conservados pelos membros da associação. A sua leitura dá acesso ao ponto de vista dos observadores directos do lago, classificado como «zona húmida de importância internacional» (Convenção Ramsar da Unesco) e considerado ameaçado por importantes pressões antropogénicas. Os habitantes e testemunhas que se exprimem nos arquivos são maioritariamente de origem europeia, muitos deles descendentes de colonos europeus, ou White Kenyans. Estes arquivos revelam a forma como foram, vividas as mudanças ambientais pelos membros da associação e dão conta das discussões e das tensões sobre o caminho a seguir para proteger este espaço e as suas amenidades, permitindo que se explorem os motivos e os recursos do investimento no campo conservacionista utilizados pela associação. Este investimento conduziu a uma transformação importante da associação, instituição antiga cuja acção estava inicialmente concentrada na «terra ribeirinha» e na resolução dos diferendos fundiários entre os proprietários ribeirinhos. As premissas da mutação conservacionista, operada pela associação, exprimem-se no âmbito da luta contra a expansão de plantas invasivas, como a Salvínia e o jacinto de água. A partir dos anos 80, a associação foi-se transformando profundamente, abrindo-se a não-proprietários e a observadores externos (principalmente cientistas), e abraçando uma agenda conservacionista. Esta mutação ocorreu num momento em que a zona sofria importantes alterações demográficas e de ocupação dos solos, sob o efeito do crescimento da indústria de floricultura que transformou Naivasha num polo económico crucial. Na década seguinte, os membros da associação, com a sua agenda conservacionista, conseguiram apoiar-se nas suas ligações políticas, tanto a nível nacional como internacional, para que esta zona húmida fosse classificada ao abrigo da Convenção Ramsar. Para satisfazer a sua agenda, a associação pretendia representar a «comunidade» local e visar o «bom uso» dos recursos naturais – correspondendo assim ao vocabulário das instituições internacionais no domínio ambiental, desde os anos 80-90.Assim os arquivos da associação permitem-nos ver como os White Kenyans puderam mobilizar a sua dupla ancoragem, na Europa e no Quénia, para dar uma dimensão internacional ao desafio da protecção do lago Naivasha, apresentando-se ao mesmo tempo como os seus melhores garantes. Este posicionamento contribuiu para justificar os privilégios da associação, nas terras ribeirinhas, herdados da época colonial. No entanto, esta agenda elitista fracturou-se perante os colossais interesses económicos da exploração hortícola dos recursos naturais locais. A chegada de novas instituições conservacionistas, locais ou internacionais, retirou à associação a vontade de manter o controlo sobre a definição das modalidades de gestão destes recursos.
