Threatening Alliances: Portuguese Ethnography of Indigenous Associative Life in Angola, Mozambique and Guinea (1945-1974)

Résumé En Fr Pt

Ethnography is widely recognised as essential to the analysis of colonial representations and policies in Africa. Though many studies have been conducted since the end of WWII, few have explored these sources on African civil society. This article aims to historicise the evolution of Portuguese colonial knowledge on indigenous associational life. The approach is based on the anthropological and sociological research carried out by academic and governmental elites who, from the onset of the decolonization process, began to seriously consider indigenous collective action. Following the comprehensive investigations that were conducted in the 1950s in Angola, Mozambique and Guinea, in-depth research was undertaken in Luanda and Lourenço Marques (now Maputo), as part of local development projects. This article illustrates how, under Portuguese colonialism, indigenous associations were initially perceived as a threat—until they became an invaluable tool in promoting the acculturation of “detribalized” populations. Through critical engagement with post-WWII colonial knowledge, this paper provides fresh insight into how the colonial process was instrumental in shaping African civil society.

L’ethnographie est largement reconnue comme essentielle pour analyser les représentations et les politiques coloniales en Afrique. Peu d’études ont exploré ces sources relatives à la société civile africaine, malgré les abondantes enquêtes menées à partir de la période de l’après-guerre. Cet article vise à historiciser l’évolution des connaissances coloniales portugaises sur la vie associative indigène. L’approche se base sur des recherches anthropologiques et sociologiques menées par des élites académiques et gouvernementales qui, dès le début du processus de décolonisation, ont commencé à considérer sérieusement l’action collective indigène. Dans les années 1950, des enquêtes approfondies en Angola, au Mozambique et en Guinée ont été menées, suivies de recherches approfondies à Luanda et Lourenço Marques dans le cadre de projets de développement local. Cet article illustre la manière dont, aux yeux du colonialisme portugais, les associations indigènes ont d’abord été perçues comme une menace, avant de devenir un outil précieux pour promouvoir l’acculturation des populations « détribalisées ». En s’engageant de manière critique dans le savoir colonial de l’après-guerre, cet article offre de nouvelles perspectives sur l’impact du processus colonial sur la formation de la société civile africaine.

A etnografia é amplamente reconhecida como essencial para analisar as representações e políticas coloniais em África. Poucos estudos exploraram estas fontes relacionadas com a sociedade civil africana, apesar dos abundantes inquéritos realizados a partir do pós II Guerra Mundial. Este artigo visa historiar a evolução do conhecimento colonial português sobre a vida associativa indígena. A abordagem baseia-se em pesquisas antropológicas e sociológicas realizadas pelas elites académicas e governamentais que, desde o início do processo de descolonização, começaram a considerar seriamente a ação coletiva indígena. Inquéritos exaustivos sobre Angola, Moçambique e Guiné na década de 1950 foram seguidos de uma investigação aprofundada em Luanda e Lourenço Marques, no âmbito de projetos de desenvolvimento local. Este artigo ilustra como, aos olhos do colonialismo português, as associações indígenas foram inicialmente percecionadas como uma ameaça e mais tarde como um dispositivo valioso para promover a aculturação das populações “destribalizadas”. Ao envolver-se criticamente com o conhecimento colonial pós II Guerra Mundial, o presente artigo fornece novos dados sobre o impacto do processo colonial na formação da sociedade civil africana.