1 juin 2013
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Iara Maria de Almeida Souza, « Vidas experimentais: humanos e roedores no laboratório », Etnográfica, ID : 10670/1.ie6qvp
O renovado interesse despertado pelo estudo das relações entre humanos e animais na antropologia envolve uma consideração sobre os modos como a vida e a morte de vários organismos vivos estão ligadas aos mundos sociais humanos, ou seja, o mundo comum é visto como um campo de relações mais amplo, povoado por uma miríade de seres com os quais os humanos se enredam. Em sintonia com as questões trazidas por esta literatura, a interrogação que conduz a discussão a seguir é: como pensar, a partir desta abordagem, as relações entre os pesquisadores e os roedores no laboratório, quando sabemos que estas são caracterizadas, de modo assertivo e direto, como meramente instrumentais? Neste artigo exploramos, a partir de investigação realizada em um laboratório e biotério pertencentes a uma instituição pública brasileira, qual o sentido prático da instrumentalidade neste contexto (os procedimentos formalizados para lidar com os animais, a produção de um modelo animal de doença, o aparato instrumental no qual os roedores estão inseridos), os modos de resposta dos animais e a existência de relações irredutíveis à objetificação entre os pesquisadores e os roedores.