2008
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Revista Mal-estar E Subjetividade
Carlos Alberto Medrano et al., « O brinquedo terapêutico: notas para uma re-interpretação », Revista Mal-estar E Subjetividade, ID : 10670/1.kj4hbb
"Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, histórico,realizado a partir de análise documental, e fundado na analíticainterpretativa de Michael Foucault. Pretende-se refletir sobre oconceito brinquedo terapêutico presente na produção científicado campo/território da Enfermagem brasileira no período de 1980 a2005, e as medidas administrativas, jurídicas e de práticas ligadas aeste dispositivo. O referencial teórico está ancorado, igualmente, emMichael Foucault, a partir das noções de biopoder, disciplinarizaçãoe dispositivo, e possibilitou a compreensão dos efeitos sobre ossaberes e práticas ligadas ao brincar que se passa no territóriohospitalar. As categorias que emergiram do corpus constituídoforam brincar/jogar e técnica ou uma associação desses. Concluiuseque o brinquedo terapêutico é muito mais do que uma técnica,constituindo-se em um dispositivo que concentra um conjunto depráticas discursivas e não discursivas, de regulamentações jurídicas,de conhecimentos e saberes que constituem uma verdadeirapolítica do corpo e da subjetividade nas enfermarias pediátricasdos hospitais. Percebeu-se, também, que a partir da construçãodos saberes ligados à psicologia, o brincar foi sendo aprisionadoprimeiro pelo saber acadêmico, para depois ser construído aoseu redor uma série de medidas administrativas e legislativas paradisciplinarizar e medicalizar, quase como condição de entrada,senão de permanência no hospital. Observou-se que ainda hoje apreocupação principal é a de continuar justificando o valor de umaprática, de uma técnica, derivada da origem dos subsídios teóricosadquiridos pelos profissionais para organizar, gerenciar, conduziratividades ligadas ao brincar da criança hospitalizada. Finalmente,verificou-se que a banalização do brincar, o fetichismo que fazdo objeto brinquedo o valor a ser exaltado e não ser o valor, o fazere o criar, onde encontrar através da ludicidade (ilusão) a verdadedo sujeito não faz mais que reafirmar o instituído em detrimento donovo, do diferente, do misterioso."