A NOVA RELAÇÃO DO SERTANEJO NORDESTINO BRASILEIRO COM A FACE VISÍVEL DA SECA

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"O paradigma contemporâneo aponta não mais para o combate à seca, mas para o convívio, de maneira autônoma, com os efeitos desse fenômeno. Ainda assim, o semiárido nordestino brasileiro é uma região que, nos períodos mais críticos, de prolongada estiagem, depende de apoio emergencial por parte de administrações públicas. Historicamente, as políticas para o Nordeste têm se apresentado como um conjunto de ações intervencionistas por parte do Estado com o intuito de amenizar ou regular, de forma paliativa e focalizada, situações emergenciais ou catastróficas decorrentes de secas prolongadas. É plenamente possível, e há alternativas à disposição da sociedade para tal, que o sofrimento de milhões de habitantes dessa região seja, ao menos, mitigado. No entanto, em razão de determinantes como a chamada indústria da seca, nem sempre medidas dessa natureza são levadas a efeito, o que termina por perpetuar relações assimétricas de poder e dependência nessa região. Neste trabalho, propomos uma reflexão sobre o processo de formação de políticas públicas que objetivam minorar o sofrimento das pessoas que padecem com os efeitos da seca. Nesse sentido, temos por objetivo explorar a maneira como uma iniciativa surgida a partir de necessidades populares (construção de cisternas para o armazenamento das águas de chuvas) é proposta ao Estado brasileiro e por ele assumida como política pública (P1MC). Nossa proposta fundamenta-se em um trabalho de revisão de literatura que encontra respaldo empírico quando da análise de entrevistas realizadas com beneficiários do programa e atores sociais envolvidos no processo deliberativo quanto à distribuição das cisternas."