Quand l’ethnologue se fait biographe

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Sur son terrain d’étude comme lors des entretiens, est-ce par manque de discernement des enjeux sociaux comme des enjeux politiques que l’ethnologue peut faire œuvre d’indiscrétion ? L’indiscrétion serait-elle l’une des conséquences de l’asymétrie de la relation ethnographique ? Rappelons que si l’ethnologue tente de se faire accepter dans une communauté, ce n’est pas pour autant avoir été invité à venir. Une réflexion en contrepoint avec une expérience de biographe hospitalière permettra d’interroger la posture du chercheur comme du biographe en situation d’entretien, à faire œuvre de discernement.

During fieldwork or interviews, can the ethnologist at times be indiscreet by sheer lack of insight into the issues that are socially and politically at stake ? Might indiscretion derive from the asymmetry of the ethnographic relation ? Though the ethnologist seeks to be admitted into a community, s/he has not been invited in for all that. An experience as a biographer in a hospital will serve as a counterpoint to these reflections, enabling us to question the position of both the researcher and the biographer in interviews and to become more discerning.

Nos estudos de campo ou durante as entrevistas, o que é que poderá levar o etnólogo a mostrar-se indiscreto ? Será a sua falta de discernimento face às conjunturas sociais e políticas ? Será a indiscrição uma das consequências inevitáveis da assimetria inerente à relação etnográfica ? Recorde-se que o etnólogo procura ser aceite numa comunidade na qual não foi convidado, ao invés do biográfo cuja experiência é marcada pela hospitalidade. Uma comparação entre estas duas situações, entre estas duas posturas, poderá esclarecer melhor o estatuto da indiscrição e a função do discernimento em contexto de entrevista.