Branqueamento e ascensão social em dois recentes filmes brasileiros: Aquarius e Que Horas Ela Volta?

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10 juillet 2017

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Teresa Di Somma et al., « Branqueamento e ascensão social em dois recentes filmes brasileiros: Aquarius e Que Horas Ela Volta? », HAL-SHS : études de genres, ID : 10670/1.r88xzf


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Neste trabalho pretendemos abordar de forma crítica as representações da ascensão social em dois recentes filmes brasileiros, a dizer, Que Horas Ela Volta? (MUYLAERT, 2015) e Aquarius (MENDONÇA FILHO, 2016). Ambos os filmes abordam questões sociais de grande relevância no Brasil contemporâneo, isto é, a condição econômico-social das empregadas domesticas, no caso de Que Horas Ela Volta?, e a despossessão conectada à gentrificação dos centros urbanos em Aquarius. Ambos os filmes foram abundantemente aclamados a nível nacional e internacional, e são comumente associados a posturas esquerdistas, especialmente em vista das apaixonadas declarações contra o impeachment de Dilma Rousseff que tanto Anna Muylaert (MACEDO, 2016) quanto Kleber Mendonça Filho (junto a toda a sua equipa) (PIMENTA, 2016) fizeram em apresentar os seus respectivos filmes. Sem pretender invalidar as importantes críticas sociais e políticas levantadas pelos dois filmes, queremos aqui refletir sobre as representações implicitamente trazidas pelas imagens no que se diz respeito ao conceito de raça. Em particular, tentaremos de argumentar que ambos os filmes associam problematicamente a ascensão social ao processo, tanto social quanto fenotípico, do branqueamento. Aquarius Em Aquarius, a ação começa no Recife da década de 1980. Entre os vários protagonistas, familiarizamos com Clara, uma jovem mulher negra interpretada por Bárbara Colen. Ainda nessa época, Clara enfrenta com sucesso um câncer de mama. Em seguida, a trama vai para hoje em dia, em 2016. Assistimos a várias cenas da vida de uma mulher rica, visivelmente branca e fortemente bronzeada por conta das várias horas que ela passa cotidianamente na praia. Confessamos que demoramos bastante para entender que essa mulher, interpretada por Sônia Braga, era a mesma Clara que o filme tinha apresentado para nós no começo. Só tivemos a certeza que tratava-se da mesma pessoa quando, a partir das imagens, entendemos que essa outra Clara também tinha sido vítima de câncer de mama. Não é a primeira vez que Sônia Braga interpreta uma personagem negra, tendo de se bronzear para tentar disfarçar a própria branquitude.

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