Adesão ao tratamento psicológico: grupos de mães de crianças abusadas e de agressores sexuais

Résumé 0

"A ação da Psicologia em seu percurso do consultório para as instituições se depara fundamentalmente com a necessidade de intervenções baseadas nos cuidados primários, secundários e terciários, em especial nos casos de violência sexual infantil. Assim, este estudo tem como finalidade descrever a leitura diagnóstica e a dinâmica de funcionamento de dois grupos de pessoas envolvendo o abuso sexual de crianças. Os grupos são de uma instituição não governamental que visa o atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica. Um dos grupos foi destinado a mães cujos filhos foram abusados sexualmente (GMA) e o outro o grupo de agressores sexuais (GAS). Os resultados analisados indicam a presença de sinais de resistência, além de um discurso agressivo e confuso que marcou o processo de comunicação de ambos os grupos observados. Contudo, no grupo das mães (GMA) foi possível caracterizar-se uma relação vincular, diferentemente do grupo de agressores (GAS), que se apresenta menos assíduo, mais disperso e com evidentes dificuldades de entrar em contato com sentimentos e angústias. Outro aspecto identificado na dinâmica dos grupos é o conflito em relação à sexualidade, à falta de limites e somatizações. Os referidos grupos sustentam características psicológicas similares as das crianças que sofreram abuso. Desse modo, consideramos que a experiência apontou para a necessidade de se promover o atendimento não apenas daquele que sofreu a violência sexual, mas também de sua família e dos agressores, uma vez que o procedimento conjunto se mostrou mais efetivo na defesa e na proteção e, conseqüentemente, na prevenção."